Deha Yoga

As origens do Yoga se perdem na obscuridade da história da Indía e se confunde com a própria origem do homem no planeta. O Bhagavad-Gîtâ (4.3), chama o Yoga de arcaico.

As origens do Yoga se perdem na obscuridade da história da Indía e se confundem com a própria origem do homem no planeta. O Bhagavad-Gîtâ (4.3), chama o Yoga de arcaico. Os estudiosos ocidentais concordam em vinculá-lo aos Upanishads. Estudos recentes demonstram que o Yoga, enquanto conjunto informal de doutrinas e métodos, já existia na época do Rig-Veda (Cânone Védico, que é o mais importante dos quatro hinários védicos, foi composto muito tempo antes do ano 1900 a.C.).

Os textos védicos são as escrituras sagradas que fundamentam a cultura Indiana, e teriam surgido com a cultura ou sociedade védica.

Várias gerações de estudiosos ocidentais aderiram ao chamado “modelo de invasão ariana”. De acordo com esse modelo, as tribos védicas que falavam o sânscrito invadiram a Índia entre 1500 e 1200 a.C., levando morte e destruição à população nativa (supostamente dravídica). Essa teoria foi posta em cheque pela primeira vez em 1921, quando as antigas cidades de Harapa e Mohejo-Daro foram descobertas por arqueólogos nas margens do rio Indo, no Paquistão (território este pertencente a Índia antiga). Essas descobertas sugerem que a invasão da Índia pelos arianos nunca aconteceu! Antes, esse povo (arianos) já estava estabelecido no território há muito tempo.

Os arianos védicos falavam uma língua da família indo-européia e sem dúvida partilhavam muitas características étnicas com os povos dessa família. São aparentados com os celtas, os persas, os godos e diversos grupos linguísticos-culturais que já não existem. São também primos distantes daqueles cuja língua materna é o inglês, o francês, o alemão, o espanhol, o português, o russo e uma quantidade imensa de outras línguas que se originaram na Eurásia.

Todos os povos que falam línguas indo-européias são considerados descendentes dos proto-indo-europeus, que se supõe terem existido em época tão recuada quanto o sétimo milênio a.C. De acordo com especialistas, o lar original dos proto-indo-europeus era a Anatólia (a atual Turquia), de onde depois se espalharam para o norte, o oeste e o leste. De qualquer modo, considera-se muito provável que já houvesse comunidades estabelecidas na Eurásia por volta de 4500 a.C. ou ainda antes. Depois disso, os vários dialetos cristalizaram-se em línguas autônomas, entre as quais o sânscrito védico.
À luz desses fatos é que podemos descartar sem medo a ideia de que os arianos védicos chegaram à Índia numa data tão tardia quanto 1500 a.C. É muito provável que eles já residissem lá há vários milênios, desenvolvendo-se a partir de um ramo da comunidade proto-indo-européia que se instalara no subcontinente. É exatamente isso que nos é sugerido pelos indícios arqueológicos e pelo próprio Rig-Veda.

É muito relevante que, segundo nos revelam certos estudos de fotografia aérea, o rio mais exaltado pelo Rig-Veda – o SarasvatÎ, que se situava a leste do Indo, tenha deixado de existir por volta de 1900 a.C. O catastrófico esgotamento desse grande rio, causados supostamente por mudanças climáticas e ambientais, fez com que numerosas cidades e povoados fossem abandonados e todo o coração da civilização védica se deslocasse para o rio Ganges (Gangâ). Em outras palavras, o Rig-Veda deve ter sido composto antes do desaparecimento do Sarasvati. Esses fatos e vários outros levantam novamente a importante questão da relação que havia entre as tribos arianas que falavam o sânscrito e a chamada civilização do Indo, que floresceu mais ou menos entre 2800 e 1900 a.C. Estas datas não são definitivas, uma vez que os extratos mais antigos de Mohenjo-Daro não foram ainda escavados por estarem permanentemente inundados. As fundações da cidade, que jazem debaixo de quase oito metros de lama, podem ser antigas em muitos séculos. Além disso, há mais de dois mil outros sítios arqueológicos ao longo do Indo e do Sarasvatî que ainda não foram explorados. A cidade de Mehrgarh, no noroeste da Índia, foi datada de 6500 a.C. e constitui assim o primeiro elo numa cadeia surpreendentemente contínua de expressão cultural.

É cada vez maior o número de pesquisadores que se prontificam a considerar essa grande civilização como uma criação dos próprios arianos védicos; com efeito, não há nada nos próprios Vedas (escrituras sagradas da Índia) que contradiga essa suposição. As passagens que os estudiosos de gerações passadas sempre tomaram como prova de uma invasão violenta da Índia podem, com facilidade e um pouco mais de sensatez, ser interpretada de outra maneira. As batalhas mencionadas em alguns hinos do Rig-Veda podem ser mitológicas e, se forem mesmo históricas, referem-se sem dúvida alguma a conflitos entre as diversas tribos arianas, e não à suposta conquista da população nativa pelos arianos védicos compreendidos como agressores estrangeiros.

Os estudiosos tecem comentários sobre a notável continuidade simbólica e cultural que liga a civilização do Indo-Sarasvatî ao Hinduísmo posterior. A maior parte deles concordam que existem vestígios de um Proto-Yoga nas cidades do Indo. Encontramos nos Vedas tantas noções Proto-Yogues quanto encontramos nos artefatos do Indo-Sarasvatî.

Ao que nos parece, as descobertas arqueológicas e os indícios literários encontrados nos Vedas, particularmente no Rig-Veda, são complementares. Juntos, eles nos permitem vislumbrar com bastante clareza aquela que parece ser a mais antiga civilização que teve até os dias de hoje uma existência contínua, desde a cultura neolítica da cidade de Mehrgarh, do sétimo milênio a.C., até o Hinduísmo moderno.

Resumo de parte do capítulo 04 – O YOGA NOS TEMPOS ANTIGOS (A TRADIÇÃO DO YOGA – George Feurestein).

Portanto o Yoga, como conhecemos hoje, é um produto de um desenvolvimento complexo, prolongando-se por, pelo menos nove mil anos.
O certo é que o Yoga já existia séculos antes de ser codificado ou compilado no Yoga-Sútra, atribuídos ao sábio Patañjali, que os teria escrito em alguma data entre 400 e 200 a.C.. Essa é a base utilizada neste curso, que será vista com mais detalhes adiante.